Gostamos de classificar os seres humanos como "racionais" e, os demais seres vivos, como "irracionais". Não concordo com isto, pois, quanto mais observo os insetos, os répteis, os peixes, as aves, os mamíferos não-humanos, etc., mais percebo como nossas vidas se parecem com as deles. Confesso que ainda sinto repugnância instintiva por algumas formas de vida, mas já aprendi que isto não me dá o direito de menosprezá-las e/ou matá-las. As baratas e os mosquitos, por exemplo, estão no mundo há muito mais tempo do que o homem e fazem o mesmo que fazemos: tentam sobreviver. Todos nós, seres humanos, estamos dispostos a tudo, para conseguir sobreviver, e o mesmo fazem estes insetos, que tranquilamente assassinamos.
Na verdade, acho que a racionalidade do homem o deixa em condição inferior à dos animais "irracionais". Estes, vivem apenas para duas coisas: comer e procriar; no entanto, o homem racional acrescentou outras escravidões à sua vida: dinheiro e ânsia por prazeres. Por exemplo: se dou uma nota de cem dólares para um chipanzé, ele vai pegá-la, vai cheirá-la e, possivelmente, vai tentar comê-la; mas, como o sabor deve ser péssimo, ele vai cuspi-la fora e pisar nela. O homem, todavia, é capaz de matar e morrer, por causa daquela mesma nota de cem dólares. Os animais não-humanos têm menos necessidades (leia-se "escravidões") do que nós e, então, são menos infelizes. E, se o grau de escravidão ao ego/mundo indica o nível de superioridade, deveríamos admitir que os animais "irracionais" são superiores ao homem "racional".
A história da humanidade nos mostra que, felizmente, existe o homem "não-racional" (não-egocêntrico), que não é "irracional", mas sim eternamente Livre e eternamente Vivo, e acho que o exemplo mais conhecido no mundo todo é Jesus, o Cristo. Ele e os poucos outros, do mesmo calibre, ensinam como evoluir, da racionalidade, para a Verdade (ou Paz e Felicidade), e a escolha de um ou outro estilo de vida cabe a cada um de nós.